quinta-feira, 23 de julho de 2009

Nutrição de cavalo atleta

Como é do conhecimento de todos, o cavalo é um animal originalmente herbívoro, assim sendo, suas necessidades nutricionais deveriam ser totalmente supridas pela ingestão de volumosos, ou seja, pelo pasto verde. Porém, a mudança dos hábitos naturais dos eqüinos, forçado pelo manejo imposto pelas rotinas de treinamento e preparação esportiva, leva o cavalo a alterar seu metabolismo e suas necessidades nutricionais.
Naturalmente um cavalo adulto precisa de uma dieta que contenha de 8 a 12% de proteína, o que é facilmente obtido pelos hábitos variados de pastejo, porém algumas gramíneas podem não atingir este índice, necessitando assim da adição de leguminosas, como a alfafa, por exemplo, que pode conter de 13 a 23% de proteína. As necessidades proteicas são importantes no que tange o desenvolvimento e a conformação do animal, porém perdem sua importância com a chegada do animal a idade adulta.
Com o uso de volumosos de boa qualidade, as necessidades básicas do animal de esporte ou trabalho, são parcialmente supridas, porém, nestes casos, a necessidade energética está aumentada, necessitando assim ser suplementada. A suplementação energética pode ser feita através da adição de grãos com alto teor de energia, como o milho, por exemplo. Porém, os grãos nunca devem ultrapassar 50% do total da dieta do animal.
Com o avanço das pesquisas e desenvolvimento das indústrias de rações concentradas, estas relações podem ser mais facilmente ajustadas, pois os concentrados comerciais (rações) para animais de trabalho e esporte, aportam além dos grãos, outros suplementos energéticos como melaço ou outras fontes de açúcares.
Apesar de toda a ênfase dada ao aspecto energia, este item ocupa apenas a terceira posição em uma escala de importância na nutrição dos cavalos atletas, sendo precedida pela água e pelos eletrólitos (sais orgânicos), respectivamente.
Os cavalos podem perder toda a gordura e mais da metade da proteína existente em seu organismo, enquanto que uma perda de apenas 12 a 15% de água corpórea pode ser fatal. A perda de água em volumes menores resulta em fadiga, principalmente muscular, e performance esportiva insatisfatória. As necessidades de água podem ser facilmente supridas, deixando água a disposição dos animais, e fornecendo a mesma, de 60 a 90 minutos após a prática de esforços físicos, preferencialmente após a ingestão de pasto verde.
A perda dos sais orgânicos através do suor e da urina, também são responsáveis pela fadiga e fraqueza muscular, e ainda podem diminuir a resposta do centro da sede, acentuando o quadro de desidratação, e reduzindo a sede e o apetite do animal. Além deste quadro, a perda excessiva de substâncias como cálcio, podem levar a tremores, espasmos e tetanias musculares, o que normalmente chamamos de “tetania por estresse”. Estas perdas podem ser evitadas através do uso de composições comerciais contendo os principais sais perdidos durante o exercício.
Com relação as fontes de energia, elas podem ser carboidratos, proteínas ou gorduras, sendo ainda muito discutido, qual delas é a mais facilmente utilizada pelo animal. Sabe-se que a utilização de óleos vegetais, em doses de 100 a 1000ml por dia, podem ser muito benéficas, tanto para a aparência (brilho de pelo), como para disponibilidade de energia. Além disso, existe uma grande quantidade de suplementos comerciais com a finalidade de aumentar a disponibilidade de energia, normalmente com fonte nos açúcares (frutose, glicose, dextrose) e aminoácidos (proteínas).
Os uso destes suplementos é de extrema importância devido as fortes rotinas de treinamento e competição impostas aos animais, porém, isto deve ser feito com muito critério, e sempre com o acompanhamento de um Médico Veterinário, a fim de definir que tipo de suplemento é o mais adequado para cada animal em cada fase e/ou situação de treinamento, idade ou tipo de atividade física realizada por este animal.



Médico Veterinário Henrique R. Noronha
CRMV RS 09144

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